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Mostrando postagens de 2015

O Planeta dos Macacos

Acabei de ler nesse instante o livro O Planeta dos Macacos, de Pierre Boulle. O livro é espetacular! Particularmente gostei muito da história de Boulle. Ele fala sobre coisas densas, mas sem ser Hard, sem ser de forma difícil. Aborda o que é necessário saber, mas sem dar muitos detalhes que, no final das contas, fica meio forçado, meio chato. Seu livro é sempre muito agradável. Ele não esquece de que estamos nos divertindo quando fazemos a opção de ler seu livro e, ao mesmo tempo, como toda boa ficção científica faz, nos dá o que pensar e faz uma grande crítica à sociedade por meio de uma sociedade de Macacos, e de cinismo. Particularmente não achei que ia gostar do livro, posto que conheço por demais esta história. Desde os filmes antigos, cujo primeiro é um clássico do cinema, passando pelo de Tim Burton, até os recentes onde os macacos são liderados pelo César de Andy Serkis, a trama já está tão gravada no imaginário popular que não esperei ter uma experiência tão boa. Super rec

O Poeta

Quem sabe porque o poeta escreve? Escreve porque existe o belo, E uma maneira ainda mais bela De dizer que o belo existe. Escreve porque existe o feio, E uma maneira especial de dizer que o feio Não é assim tão feio, Nem assim tão triste, E que se foram usadas palavras Seletamente escolhidas, O feio pode até se engolir. Escreve por que existe o belo e o feio Paradoxos, analogias e contradições. Escreve pois tem sentimentos. Porque não é uma máquina. As pessoas não são máquinas. Ele lembra-se disso o tempo todo E, com seus escritos, tenta fazer Com que os outros não se esqueçam. O poeta escreve porque o belo e o feio Existem apenas como representações Das diferenças, todas simbólicas. O poeta escreve por saber Que não somos diferentes, Por mais que todos queiram provar ao contrário. O poeta escreve para tentar fazer Com que os outros não se esqueçam Que somos todos humanos.

Música

A música é o som. A música não é o som. Pois nem todo som é música. Mas, toda música é som. A música é mágica. A música não é a mágica. Pois nem toda mágica é musical. Mas, toda música é mágica pura. A música é a arte. A música não é a arte. Pois nem toda a arte é musical. Mas, toda música é arte. Assim como todo músico É um artista em potencial. A música é som, é mágica, É arte, é sonho, é verdade, É realidade, é filosofia, é religião. É tudo e muito mais. E, quando toca o coração, É metamorfose que vai se Metamorfoseando até transcender A canção.

Mais Grande

Numa caixa de fósforos Bem que cabe um carro E se ela não estiver meio torta Dá para entrar e fazer dela uma oca Outro dia vi um sorriso no rosto do sol. Gente grande não entende nada Parece que quanto mais grande, mais bobo. Olha pra nossa cara e diz: "Que bonitinho!" Meu pai não enxerga um sorriso no sol Nem na lua, nem lugar algum. Ele nem sequer olha... E ainda diz que sou a sua cara, eu não! Gente grande não entende nada Parece que quanto mais grande, mais bobo. Olha pra nossa cara e diz: "Que fofo!"

Bosom Friend

Eu queria ter o mundo ao alcance das mãos E correr mais rápido que a velocidade do som E voar mais rápido do que a velocidade da luz Só pra chegar primeiro E te contar as novidades antes delas aparecerem. A vida é um jogo que jogamos Se perdemos ou ganhamos Isso não importa O que importa é que jogamos. Se ganhamos ou perdemos A vida é tudo o que temos. Se perdemos ou vencemos O que não temos é tudo o que queremos. O que eu quero? Eu quero apenas ser seu amigo Estar ao seu lado E na hora da chuva te servir de abrigo. Eu quero apenas ser seu amigo Quando você for lutar Quero lutar junto contigo. Eu quero ir na frente E te livrar do perigo Eu quero que você me chame Como eu te chamo de amigo. Amigo!!!

Parto Normal

Quando você partir Parta de parto normal Não fique chorando Se remoendo por dentro Tornando tudo tão difícil para nós dois. Se quiser voltar Volte sem remorsos Não foi minha culpa, Nem sua, nem de ninguém. Por que ficar se lamentando Achando que suas lamentações Carregam o cerne da mudança do mundo? Conte-me seus sonhos Eu sentirei prazer em dizer O que significam. Se quiser chorar, chore. Eu também queria chorar Sem ter um motivo. Mas, o que fazer se Ainda estou vivo? No entanto, se você chorar Não molhe meus ombros Com suas lágrimas Use-as para lavar os copos E os pratos que ficaram Sobre a pia. Eu queria sorrir, Mas, não vejo motivos. O que fazer, se Ainda estou vivo? Vire a página deste livro que lês. Vire a página da tua própria vida. Faça os curativos e deixe que o tempo Cure todas as feridas. E, se quiser partir, Parta de parto normal.

EX MACHINA

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O filme EX MACHINA, primeiro filme dirigido por Alex Garland, tem tudo para ser considerado um dos melhores filmes de ficção científica dos últimos tempos. E os méritos deste filme não são poucos e crescem quando se leva isso em consideração. É difícil não se lembrar de Metrópolis, 2001 Uma Odisséia no Espaço, e mais recentemente Ela. Num primeiro momento o que nos lembra tais filmes é com certeza a existência de um robô/inteligência artificial como a Maria, ou o Hal9000. Porém, Ava parece ser uma evolução das entidades robóticas citadas. É um alento ver uma ficção científica tão limpa, clean. Em certos momentos do filme é tudo tão clean que lembra alguns ambientes do já citado 2001. Também é impossível não lembrar do leiaute do Google. É bem possível que o Blue Book tenha a mesma aparência. E o Google tem mais participação na história do que possa parecer. Outro ponto positivo do roteiro, também de Alex Garland, é que ele subverte os mitos de Pandora e Prometeu. Dessa vez o

Harry Potter é literatura?

Afinal, Harry Potter é literatura? http://flip.it/voi9s Já falei sobre isso aqui, mas, estas reflexões são muito boas.

Os Malditos, ou These are the damned

Os malditos, filme de Joseph Losey de 1963, conta a história de um turista americano, de um líder de uma gangue e da irmã dele, os três acabam presos num complexo secreto do governo americano que faz experiências com crianças, tornando-as radioativas para poderem sobreviver depois que um desastre nuclear acabar com toda a terra e matar todas as pessoas. Elas vão ser, simbolicamente, adão e eva do mundo pós-apocalíptico. O filme é uma parábola sobre a paranóia atômica, o medo de que as super-potências iriam acabar destruindo o planeta com uso de armas nucleares na guerra fria.  É um filme que demora a engrenar, mas, possui uma mensagem que é válida até hoje, posto que desde 1963 as formas de se destruir a humanidade parece apenas se proliferar. O fim tem a melhor parte do filme, crianças pedindo socorro, um gesto simbólico e tocante. Mesmo em pleno século XXI as crianças continuam pedindo socorro. É, de fato, um clássico da ficção científica. Super recomendo.

Grande aula de Ficção Científica com Bráulio Tavares

https://youtu.be/_iSNTho6H6s Certamente um pouco mais de conhecimento sobre este gênero literário não faz mal.

Se eu morrer

Se eu morrer Não me acompanhe A vida é assim Não seja inane Se você me amar Eu morro bem. Se eu cair Me levante Não me deixe assim Pois sou rompante E num rompante Posso enlouquecer Mas, se você me amar Eu morro bem. Se eu chorar Me dê ouvidos Me dê também um ombro, Um ombro amigo E seque minhas lágrimas Com amor Pois se você me amar Eu morro bem. Eu morro bem, Morro bem, Mas, se você morrer Morro também.

Viagem

Quando você passar aqui Na vinda de qualquer viagem Pode perguntar por mim Mesmo que seja tarde Muito tarde para a vida Cedo demais pra morte. Quando você passar por mim Na vinda de qualquer viagem Diga pelo menos um "oi" Mesmo que seja tarde Tarde demais para desculpas Ainda há tempo de amizade. Quando você passar por mim Na vinda de qualquer viagem Diga pelo menos "tchau" Antes de seguir viagem Pare num restaurante da estrada Comida boa, bebida ruim Numa das curvas da vida T riste prólogo do fim.

Farrapo

Eu preciso de um empurrãozinho Não é comodismo É que eu tô sem força Só um empurrãozinho Estou tão sozinho. Eu preciso de uma mãozinha Divida sua sorte comigo Entorte a ferradura pro meu lado Só um pouquinho Ai!  Estou tão sozinho. Eu preciso de uma ajudinha Não é muita coisa Faça o que você faria por qualquer pessoa Sopre o meu rosto Só um ventinho Ai, ai! Estou tão sozinho. Com esses trapos Sou um farrapo humano Sujo, com sede e faminto Pedindo socorro Só um tantinho.

Repulsa

Simplificar as coisas O senso comum faz O tempo inteiro Enquanto o sensu acadêmico O que faz é complexificá-las Em igual quantidade de tempo. Veja o meu caso: Eu tinha uma ideia Mas perdi a caminho do trabalho Eu tinha um trabalho Mas perdi correndo atrás de uma ideia Por isso não acredito em nada Mas não duvido de tudo Tem muita coisa errado, Tem muita coisa errada Nesse mundo Eu sentia falta do trabalho Sem ele me sentia um nada Com ele comecei a ver Que era tudo questão de perspectiva E continuei me sentindo um nada Escancarei as portas do meu coração Passou um tempo ninguém quis entrar Um cão entrou e se acomodou Mas ele tinha sarna e carrapatos Sinto meu coração pulsando E sinto repulsa O mundo anda louco Eu às vezes ando, Às vezes corro.

Eles Vivem

O filme de Ficção Científica de John Carpenter, Eles Vivem, pode ser um pouco datado, é verdade. Mas, este filme é, também, uma crítica social bem interessante e que apresenta alguns paralelos facilmente reconhecíveis com os dias em que vivemos. Um homem da classe trabalhadora encontra um óculos que o permite ver que extraterrestres dominaram o planeta por meio de propagandas subliminares. No roteiro, a maioria das pessoas em posições sociais mais elevadas são et's, e os que não são acabaram trocando suas liberdades, e a do restante do mundo, por dinheiro e uma vida luxuosa. Os efeitos são muito ruizinhos, posto que o filme é de 1988, e nessa época já temos muitos filmes onde seus efeitos resistiram bem mais a passagem do tempo. Mas, é um filme cult. É, certamente, um dos 20 ou 30 melhores filmes de um gênero específico da ficção científica que são os filmes de invasão alienígena. Dá pra rir das roupas dos anos 80, dos penteados com mullets caprichados, estilo Chitãozinho &

Eles Vivem

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Suicídio

O sol está no ápice Os pássaros cantam Uma triste canção Destas de animar enterro Que tem por estribilho: "Que dia bonito para um suicídio Um dia perfeito para se matar!" Sobre a mesinha Manteiga, torrada, Café e chá. No buquê Rosas vermelhas, samambaias, Flores do campo, chuva de prata, Que ostentam também Um outro nome vulgar. Na lápide não haverá epitafio. Ninguém mandou se matar. O céu está esplêndido Os pássaros cantam A mesma triste canção. "Que belo dia para uma prova, Um dia perfeito para se conhecer Por dentro uma cova!" Numa lápide estava escrito Um fato concreto Numa outra um fato abstrato Eu, se pudesse, escreveria apenas Suicídio.

Intuição Feminina

Ela está pensativa Ou fingindo estar Vai lavando suas roupas Lá rá lá rá lá... Certamente pensa em alguém Preocupada, preocupada Com a hora do jantar Lá rá lá rá lá... O filho chega da escola Era nele que pensava? Vai varrendo sua casa Lá rá lá rá lá... Continua preocupada Mas tudo está em seu lugar Só ela não está Lá rá lá rá lá... Daí, então, chegou a noite Janta junto com seu filho Não tem mais o Lá rá lá rá lá Lá rá lá rá lá... Toca o telefone inoportuno Atende sem vontade de atender Não há mais dúvidas Nem vocalização Apenas lágrimas. Eu sabia! Eu sabia! Intuição feminina! Intuição feminina!

A Dança

Eu não queria tocar em você Mas, sou obrigado Suas mãos são macias Meu coração calejado. Já não penso em você Tanto quanto antes Mas, não quero terminar Antes do inverno acabar. Não tenho medo de ficar só Apenas não quero te magoar. O trem saiu da estação, Você, dormindo, nem o viu chegar. Não percebeu que A música já acabou E continua a dançar. Você dança, dança e dança Sem perceber que todos foram embora. As luzes estão apagadas, Apenas você no salão. Eu não queria deixá-la Mas, sou obrigado Suas mãos são macias, Meu coração calejado. Seu coração é tão puro, O meu calejado. Você me pergunta se Não quero dançar. Eu lhe digo: "Amor, eu já dancei."

Cafeína

Não pense nunca estar no fundo do poço Talvez você ainda não esteja lá Mas, o caminho é perto, reze pra escapar Firme o pensamento em alguma coisa boa E tente atravessar essa deprê sem afundar Mas tente sozinho, eu não posso te ajudar Tome um pouco de café pra se acalmar. Não curto cafeína, Mas, tudo bem um pouco de café Às vezes me faz bem, Não curto cafeína, Mas, tudo bem um pouco de café Não faz mal a ninguém. Todo mundo precisa de alguém pra amar, Todo mundo precisa de alguém pra Tomar café e conversar. A noite já era, meus sonhos foram por água abaixo, Espero que saibam nadar. Se não souberem, que se danem, vou gritar: "Sonhos ao mar!" Não curto cafeína, Mas, tudo bem um pouco de café Às vezes me faz bem, Não curto cafeína, Mas, tudo bem um pouco de café Não faz mal a ninguém.

Febril

Eu queria escrever a mais bela De todas as poesias de amor Só por que você me pediu Queria te dar umas quinhentas estrelas E planetas uns mil Queria explicar de forma simples Que sinto uma paixão febril. Uma lágrima incomoda Ao descer sem pedir licença E meu coração Inexperiente nesses assuntos Acelera como se apenas isso Bastasse para dizer Com todas as letras Que no meu céu Só existe uma estrela Como se apenas isso bastasse Para dizer tudo.

Auto-retrato

Eu, faxineiro, 27 anos. Luto todo dia, só apanho. Apanho da vida, eu mesmo me arranho. Perdido na rua, coração de pano. Dando conselhos a outros, Querendo todos pra mim Eu mesmo me engano. Barriga cheia de comida, Roncando na ânsia de devorar paixões Um rio rasgando montanhas Como amor rasgando corações Na estante seu sorriso me lembra Que um erro meu deixou tudo pior. "Gauche" se lê "gôche" Mundo, mundo Vasto mundo Se eu me chamasse Raimundo Não seria solução seria castigo.

Música sem som

Durante todo o dia havia Uma música em meus ouvidos Na música alguém sorria Mesmo sem haver sorrisos. Ouvi, também, um som inaudível Como aqueles de muitos prantos Que apodrecem como o que é perecível Ao não receber acalantos. Mas era vibrante o referido som Mesmo que partitura não houvesse Havia CADENZA, havia tom... Da letra inda lembro d'uma parte: "Música sem som, música sem som" De nada mais me lembro destarte.

Pobres Mulheres Livres

O casal estava sentado no ônibus conversando. Estavam cansados da longa jornada de trabalho. Interromperam a conversa ao entrar no coletivo três jovens, um deles era negro e os outros dois brancos. Ficaram com medo. Muitas vezes grupos de jovens aproveitam que o ônibus não anda tão cheio por volta das dez e meia da noite no trajeto de Nova Iguaçu para o Rodilândia, bairro afastado do centro, e nesse horário acontecem muitos roubos. Não queriam ser surpreendidos por bandidos. Mas, o curioso para o casal é que os jovens, embora vestidos com roupas folgadas, com muitas pulseiras e também muitos cordões nos pescoços, não eram bandidos. Muito pelo contrário, eram jovens trabalhadores. Trabalhavam no McDonald's em funções diversas que tinham em comum o fato de serem mal remuneradas. Também curioso era a conversa que eles estavam tendo naquele momento. Os jovens estava falando de tempos de crise, e de que é muito difícil namorar em tempos de dificuldade financeira. Um dos jovens

Poe-Dia

Quero escrever poesia Co'um Deus escreve os dias E que a poeira ou a tristeza Não escondam a alegria do meu dia. Com'um poeta se debatendo co'uma rima Meus problemas são desafios com'uns Tão com'uns com'o as dúvidas Com'uns com'o as dívidas Que sempre temos Com'a vida. Quero escrever uma ode Que rejeite co'um grito Ou do jeito que pode A insânia e'a futilidade De entregar nossa vida, nosso rumo Ao destino para colocá-lá no prumo. Minha ode Que nascerá co'um espasmo Ou do jeito que pode É um dia poético Co'um P de profético Com'um dia escrevendo um poeta E não o cont'rário Eu Mesmo Tendo Nascido Ontem Pres'cindindo Maiakóvski.

Harry Potter não é literatura

Na entrevista 50 anos de carreira de Ruth Rocha: “Harry Potter não é literatura”   de Cristina Da numa, a escritora Ruth Rocha fez as seguintes declarações: iG: O que acha destes novos best-sellers, que misturam fantasia, com a presença de vampiros e bruxas?   Ruth Rocha: Isto não é literatura, isto é uma bobagem. É moda, vai passar. Criança deve ler tudo, o que tem vontade, o que gosta, mas eu sei que não é bom. O que eu acho que é literatura éuma expressão do autor, da sua alma, das suas crenças, e cria uma coisa nova. Esta literatura com bruxas é artificial, para seguir o modismo. Acho que o Harry Potter fez sucesso e está todo mundo indo atrás.  iG: Então você não gosta de “Harry Potter”?   Ruth Rocha: Não acho errado os livros fazerem sucesso. Eu gosto porque acho que as crianças leem, mas eu não gosto de ler “Harry Potter”, não acho que é literatura. iG: Qual você acha que é um livro infantil de qualidade?   Ruth Rocha: Eu, na verdade, leio muito mais livros para adulta. T

Química

Química Mercúrio cromo Átomo de carbono Qualquer poeta medíocre Vale vinte químicos medianos. Mistura homogênea Solidificação Evaporação Rimando funções quimicas Só para achar a solução Que possa trazer Uma molécula de esperança. Elétron Neutron Um sopro de vida Mercúrio cromo Átomo de carbono Proton, proton, proton, Poesia.

Chove-não-molha

Chove chuva, Chove chuva, Vai enchendo o Rio. Gota d'água, Gota d'água, Pingo, Pingo, Pingo. Cada gota me pergunta: "Você ama?" "Você ama?" Queria dizer sim. Mas, você chuva, Você chuva É prática. Eu sou teórico. Mas, você chuva, Você chuva Chove. E eu, chove-não-molha. Eu chove-não-molha.

Eu Mesmo

A vida é difícil Pode acreditar Mas a gente é forte A gente sabe levar. A gente leva os menores pra escola Leva pau no vestibular Leva tudo na brincadeira A gente sabe brincar Leva esporro dos mais velhos Pedindo pra parar Mas se parar não dá Não dá pra parar. Eu saí pra dar uma volta Volto já Ei mãe, por favor Não espera eu voltar Não espera eu chegar Não me espera pra jantar, não. Eu já falei mais do que devia Já me escondi mais do que podia Já te expliquei bem mais do que sabia E não consegui dizer o que eu queria Escute o que tenho a dizer Meu bem, eu não consigo ser eu mesmo Quando estou perto de você Eu não consigo ser eu mesmo Eu não consigo ser eu mesmo Eu não consigo ser eu mesmo, não!

Deserto

É aqui que a estrada começa E os problemas acabam Esvazie a cabeça Pegue o volante E pelo menos por um instante Não tente pensar em nada A não ser em não voltar tão cedo para casa. Olhe a estrada deserta e Aceite o convite Pise cada vez mais fundo e Veja outra cidade ficar pra trás Mas cuidado com a curva perigosa Nunca se sabe o que há Do outro lado. Quando você está sozinho se esquece dos problemas Então ligue o rádio no último volume e Ouça os sons do silêncio O barulho da solidão e Talvez isso lhe faça bem ao coração. Não se preocupe com o perigo Pois o farol ilumina a escuridão e Estará sempre á sua frente Continue dirigindo e Vá sem direção e Talvez isso lhe faça bem ao coração. Então siga seu rumo incerto Neste caminho deserto Talvez isso lhe faça bem ao coração. Então siga seu rumo incerto Neste caminho deserto, Deserto.

Solitário

Eu não tenho tempo pra nada A minha vida anda muito agitada Eu não tenho tempo nem pra amar... E dizem que sou o culpado Mas eu te digo: "Isso é papo furado." História de quem não tem o que inventar... Eu não tenho culpa Se o mundo gira ao contrário. Eu não tenho culpa Ele me fez solitário. Eu passo o tempo Olhando para o relógio. A vida passa e eu Querendo me encontrar... Me perguntam por onde tenho andado Eu respondo que estou "meio parado". Como uma ilha que ninguém Consegue mais encontrar... Eu não tenho culpa Se o mundo gira ao contrário. Eu não tenho culpa Ele me fez solitário.

Tempo

Eu deixei a TV ligada E sai pra procurar O que nunca tive a chance de perder E me sai bem, eu encontrei você Mas, você não quis vir comigo Me disse não quando lhe ofereci abrigo. Eu preciso de um tempo Pra curar a dor. Eu preciso de você Pra ser o meu amor. Quando penso em voltar Fico pensando se, Já não tomaram meu lugar Que eu tinha aí. Se você vai estar me esperando, Ou se eu vou estar me enganando. Eu preciso de um tempo Pra curar a dor. Eu preciso de você Pra ser o meu amor.

Os Dez Mandamentos

As horas passam e eu não durmo Pensando no que aconteceu. Mas, se o homem não foi feito pra derrota, Essa guerra você ainda não venceu. O que é certo já não faz sentido. O que é errado já é tão normal. E hoje o dia não é tão bonito. A nossa vida chega a ser banal. A nossa vida anda tão sem graça. A nossa história está faltando sal. Tem gente até pensando em suicídio. Ah! Como é chata essa vida real... O que é certo já não faz sentido. O que é errado já é tão normal. E hoje o dia não é tão bonito. A nossa vida chega a ser banal. Você já não é mais a mesma. Seu riso já não é igual. Se bem que tudo é diferente, De tudo o que era tão normal. O que é certo já não faz sentido. O que é errado já é tão normal. E hoje o dia não é tão bonito. A nossa vida chega a ser banal

Ser Sem Estar

Não diga adeus, Diga até já. Vi que fostes embora, Mas, sei que vais voltar. Sei o que quero, O que não quero um dia saberei. Maldita hora que nosso amor morreu. Não tenho pá para enterrar o que sinto. E, o que sinto, sei que existe pois o sinto. Grandiosa pequenez do humano, Você sai pela porta, E eu tento ver se dá pra Ser Sem Estar.

Construção Civil

Perguntei se ela me amava Ela disse que seu amor É vermelho tijolo. Vermelho tijolo, Eu pensando que fosse Vermelho paixão. Ela não me ama. Mas, isso não é problema algum, Eu também não me gosto tanto assim. Certamente me gostaria mais Se ela estivesse comigo. Não está. Castigo. Ela não me ama. E o que sinto é um vazio, Uma fome, uma sede, uma dor, Um aperto abrasador No peito nú. Raios de sol queimando o dorso, Mas, eu não falo. Vermelho tijolo, Amor de construção civil.

Os Operários

Os operários constroem um prédio Com cimento e tijolo. Muitos não sabem escrever Cimento e tijolo. Mas, vão utilizando Cimento e tijolo, Vão falando Cimento e tijolo, Vão construindo a vida Com cimento e tijolo. E sabem que são operários Mesmo sem saber interpretar a Representação gráfica O-PE-RÁ-RI-OS. Os operários são mais que proletários, São homens. O fato de sentirem-se inferiores Só existe pois outros homens, Homens, HO-MENS, Se acham melhores Do que o saco De merda que são.

Erros De Novo

Na realidade, ou irrealidade, Eu não acredito na humanidade. Não é da derrocada das utopias que falo, Apenas não acredito em mim. Sei o quanto sou mentiroso, Por mais que prometa mil coisas, Sempre repito meus erros de novo. Não me faça discursos vazios de significado. Não diga que precisamos Reconstruir o que foi desconstruído. Eu acredito na igualdade. E, se todos são iguais a mim, Sei o quanto sou orgulhoso, Por mais que prometa mil coisas, Sempre repito meus erros de novo. Não estou falando de estado de natureza, Nem de estado de guerra. Apenas de como é fácil Maltratar a quem nos ama, Ou enganar quem não engana. Falo com a autoridade de quem Conhece bem a peça. Sei o quanto sou rancoroso, Mesmo que peça desculpas, Sempre repito meus erros de novo. E de novo, E de novo, E de novo...

Humanidade

Pensar Repensar E fazer tudo errado de novo. Criar Recriar E por engano ou desengano Dar vida ao inconcebível Só para que nossa cria Pegue uma faca e corte uma fatia A mais tenra e macia Do nosso coração. Construir Desconstruir E ver se dá para se esconder E sobreviver nos escombros. Escrever Reescrever Só para ter o prazer De ser outra pessoa E ter uma nova chance de recomeçar. Tentar Sentir Sem ressentimento Ser humano Apesar de tantos atentados À nossa humanidade.

Sobre os livros que li - O Cavaleiro Inexistente

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Li recentemente O Cavaleiro Inexistente, de Italo Calvino. Me pareceu que esta história queria questionar a todo instante o que era ou não real. Evidentemente havia humor em como foi estruturada. Um cavaleiro que não possuía um corpo sob a armadura, e que talvez fosse melhor cavaleiro que todos os demais. Um louco sem nome, posto que na multidão de nomes que possuía era como se não tivesse nome algum, que existia mas não se dava conta disso. Uma mulher que desprezava os homens que eram de carne e osso correndo atrás do homem que não existia. Mais do que nunca antes nós precisamos de uma identidade que parece nos escapar, principalmente quando precisamos responder a pergunta sobre quem nós somos. Me parece que Calvino sabia que a modernidade acentuaria ainda mais esse sentimento de estar perdido quando a questão é dizer quem realmente somos.

Sobre os livros que li - BLADE RUNNER

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Blade Runner ou Andróides Sonham Com Ovelhas Elétricas? Recentemente li o livro Andróides Sonham Com Ovelhas Elétricas?, de P. K. Dick. Poucos autores conseguem criar universos tão ricos quanto Dick. Nesta obra nós somos apresentados a um mundo distópico, apocalíptico, onde a poeira e a radioatividade acabaram com praticamente toda a vida animal. Ter um animal, qualquer que seja, é um sinal de grande status e distinção social. O protagonista, Deckard, é um policial que aceita caçar um grupo de andróides pensando em ter algum dinheiro para substituir sua ovelha elétrica por uma de verdade. Enquanto somos conduzidos pela caçada, somos apresentados a um tipo de religião, o mesmerismo, e a um programa de TV e rádio de um andróide chamado Buster Amigão. Há um duelo entre eles pela preferência das pessoas. Deckard se questiona, em dado momento, se ele mesmo não é um andróide, e acaba traindo a esposa com uma andróide. No livro percebemos temas recorrentes em Dick, a religiosid