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Mostrando postagens de abril, 2015

Pobres Mulheres Livres

O casal estava sentado no ônibus conversando. Estavam cansados da longa jornada de trabalho. Interromperam a conversa ao entrar no coletivo três jovens, um deles era negro e os outros dois brancos. Ficaram com medo. Muitas vezes grupos de jovens aproveitam que o ônibus não anda tão cheio por volta das dez e meia da noite no trajeto de Nova Iguaçu para o Rodilândia, bairro afastado do centro, e nesse horário acontecem muitos roubos. Não queriam ser surpreendidos por bandidos. Mas, o curioso para o casal é que os jovens, embora vestidos com roupas folgadas, com muitas pulseiras e também muitos cordões nos pescoços, não eram bandidos. Muito pelo contrário, eram jovens trabalhadores. Trabalhavam no McDonald's em funções diversas que tinham em comum o fato de serem mal remuneradas. Também curioso era a conversa que eles estavam tendo naquele momento. Os jovens estava falando de tempos de crise, e de que é muito difícil namorar em tempos de dificuldade financeira. Um dos jovens

Poe-Dia

Quero escrever poesia Co'um Deus escreve os dias E que a poeira ou a tristeza Não escondam a alegria do meu dia. Com'um poeta se debatendo co'uma rima Meus problemas são desafios com'uns Tão com'uns com'o as dúvidas Com'uns com'o as dívidas Que sempre temos Com'a vida. Quero escrever uma ode Que rejeite co'um grito Ou do jeito que pode A insânia e'a futilidade De entregar nossa vida, nosso rumo Ao destino para colocá-lá no prumo. Minha ode Que nascerá co'um espasmo Ou do jeito que pode É um dia poético Co'um P de profético Com'um dia escrevendo um poeta E não o cont'rário Eu Mesmo Tendo Nascido Ontem Pres'cindindo Maiakóvski.

Harry Potter não é literatura

Na entrevista 50 anos de carreira de Ruth Rocha: “Harry Potter não é literatura”   de Cristina Da numa, a escritora Ruth Rocha fez as seguintes declarações: iG: O que acha destes novos best-sellers, que misturam fantasia, com a presença de vampiros e bruxas?   Ruth Rocha: Isto não é literatura, isto é uma bobagem. É moda, vai passar. Criança deve ler tudo, o que tem vontade, o que gosta, mas eu sei que não é bom. O que eu acho que é literatura éuma expressão do autor, da sua alma, das suas crenças, e cria uma coisa nova. Esta literatura com bruxas é artificial, para seguir o modismo. Acho que o Harry Potter fez sucesso e está todo mundo indo atrás.  iG: Então você não gosta de “Harry Potter”?   Ruth Rocha: Não acho errado os livros fazerem sucesso. Eu gosto porque acho que as crianças leem, mas eu não gosto de ler “Harry Potter”, não acho que é literatura. iG: Qual você acha que é um livro infantil de qualidade?   Ruth Rocha: Eu, na verdade, leio muito mais livros para adulta. T

Química

Química Mercúrio cromo Átomo de carbono Qualquer poeta medíocre Vale vinte químicos medianos. Mistura homogênea Solidificação Evaporação Rimando funções quimicas Só para achar a solução Que possa trazer Uma molécula de esperança. Elétron Neutron Um sopro de vida Mercúrio cromo Átomo de carbono Proton, proton, proton, Poesia.

Chove-não-molha

Chove chuva, Chove chuva, Vai enchendo o Rio. Gota d'água, Gota d'água, Pingo, Pingo, Pingo. Cada gota me pergunta: "Você ama?" "Você ama?" Queria dizer sim. Mas, você chuva, Você chuva É prática. Eu sou teórico. Mas, você chuva, Você chuva Chove. E eu, chove-não-molha. Eu chove-não-molha.

Eu Mesmo

A vida é difícil Pode acreditar Mas a gente é forte A gente sabe levar. A gente leva os menores pra escola Leva pau no vestibular Leva tudo na brincadeira A gente sabe brincar Leva esporro dos mais velhos Pedindo pra parar Mas se parar não dá Não dá pra parar. Eu saí pra dar uma volta Volto já Ei mãe, por favor Não espera eu voltar Não espera eu chegar Não me espera pra jantar, não. Eu já falei mais do que devia Já me escondi mais do que podia Já te expliquei bem mais do que sabia E não consegui dizer o que eu queria Escute o que tenho a dizer Meu bem, eu não consigo ser eu mesmo Quando estou perto de você Eu não consigo ser eu mesmo Eu não consigo ser eu mesmo Eu não consigo ser eu mesmo, não!

Deserto

É aqui que a estrada começa E os problemas acabam Esvazie a cabeça Pegue o volante E pelo menos por um instante Não tente pensar em nada A não ser em não voltar tão cedo para casa. Olhe a estrada deserta e Aceite o convite Pise cada vez mais fundo e Veja outra cidade ficar pra trás Mas cuidado com a curva perigosa Nunca se sabe o que há Do outro lado. Quando você está sozinho se esquece dos problemas Então ligue o rádio no último volume e Ouça os sons do silêncio O barulho da solidão e Talvez isso lhe faça bem ao coração. Não se preocupe com o perigo Pois o farol ilumina a escuridão e Estará sempre á sua frente Continue dirigindo e Vá sem direção e Talvez isso lhe faça bem ao coração. Então siga seu rumo incerto Neste caminho deserto Talvez isso lhe faça bem ao coração. Então siga seu rumo incerto Neste caminho deserto, Deserto.

Solitário

Eu não tenho tempo pra nada A minha vida anda muito agitada Eu não tenho tempo nem pra amar... E dizem que sou o culpado Mas eu te digo: "Isso é papo furado." História de quem não tem o que inventar... Eu não tenho culpa Se o mundo gira ao contrário. Eu não tenho culpa Ele me fez solitário. Eu passo o tempo Olhando para o relógio. A vida passa e eu Querendo me encontrar... Me perguntam por onde tenho andado Eu respondo que estou "meio parado". Como uma ilha que ninguém Consegue mais encontrar... Eu não tenho culpa Se o mundo gira ao contrário. Eu não tenho culpa Ele me fez solitário.

Tempo

Eu deixei a TV ligada E sai pra procurar O que nunca tive a chance de perder E me sai bem, eu encontrei você Mas, você não quis vir comigo Me disse não quando lhe ofereci abrigo. Eu preciso de um tempo Pra curar a dor. Eu preciso de você Pra ser o meu amor. Quando penso em voltar Fico pensando se, Já não tomaram meu lugar Que eu tinha aí. Se você vai estar me esperando, Ou se eu vou estar me enganando. Eu preciso de um tempo Pra curar a dor. Eu preciso de você Pra ser o meu amor.

Os Dez Mandamentos

As horas passam e eu não durmo Pensando no que aconteceu. Mas, se o homem não foi feito pra derrota, Essa guerra você ainda não venceu. O que é certo já não faz sentido. O que é errado já é tão normal. E hoje o dia não é tão bonito. A nossa vida chega a ser banal. A nossa vida anda tão sem graça. A nossa história está faltando sal. Tem gente até pensando em suicídio. Ah! Como é chata essa vida real... O que é certo já não faz sentido. O que é errado já é tão normal. E hoje o dia não é tão bonito. A nossa vida chega a ser banal. Você já não é mais a mesma. Seu riso já não é igual. Se bem que tudo é diferente, De tudo o que era tão normal. O que é certo já não faz sentido. O que é errado já é tão normal. E hoje o dia não é tão bonito. A nossa vida chega a ser banal

Ser Sem Estar

Não diga adeus, Diga até já. Vi que fostes embora, Mas, sei que vais voltar. Sei o que quero, O que não quero um dia saberei. Maldita hora que nosso amor morreu. Não tenho pá para enterrar o que sinto. E, o que sinto, sei que existe pois o sinto. Grandiosa pequenez do humano, Você sai pela porta, E eu tento ver se dá pra Ser Sem Estar.

Construção Civil

Perguntei se ela me amava Ela disse que seu amor É vermelho tijolo. Vermelho tijolo, Eu pensando que fosse Vermelho paixão. Ela não me ama. Mas, isso não é problema algum, Eu também não me gosto tanto assim. Certamente me gostaria mais Se ela estivesse comigo. Não está. Castigo. Ela não me ama. E o que sinto é um vazio, Uma fome, uma sede, uma dor, Um aperto abrasador No peito nú. Raios de sol queimando o dorso, Mas, eu não falo. Vermelho tijolo, Amor de construção civil.

Os Operários

Os operários constroem um prédio Com cimento e tijolo. Muitos não sabem escrever Cimento e tijolo. Mas, vão utilizando Cimento e tijolo, Vão falando Cimento e tijolo, Vão construindo a vida Com cimento e tijolo. E sabem que são operários Mesmo sem saber interpretar a Representação gráfica O-PE-RÁ-RI-OS. Os operários são mais que proletários, São homens. O fato de sentirem-se inferiores Só existe pois outros homens, Homens, HO-MENS, Se acham melhores Do que o saco De merda que são.

Erros De Novo

Na realidade, ou irrealidade, Eu não acredito na humanidade. Não é da derrocada das utopias que falo, Apenas não acredito em mim. Sei o quanto sou mentiroso, Por mais que prometa mil coisas, Sempre repito meus erros de novo. Não me faça discursos vazios de significado. Não diga que precisamos Reconstruir o que foi desconstruído. Eu acredito na igualdade. E, se todos são iguais a mim, Sei o quanto sou orgulhoso, Por mais que prometa mil coisas, Sempre repito meus erros de novo. Não estou falando de estado de natureza, Nem de estado de guerra. Apenas de como é fácil Maltratar a quem nos ama, Ou enganar quem não engana. Falo com a autoridade de quem Conhece bem a peça. Sei o quanto sou rancoroso, Mesmo que peça desculpas, Sempre repito meus erros de novo. E de novo, E de novo, E de novo...

Humanidade

Pensar Repensar E fazer tudo errado de novo. Criar Recriar E por engano ou desengano Dar vida ao inconcebível Só para que nossa cria Pegue uma faca e corte uma fatia A mais tenra e macia Do nosso coração. Construir Desconstruir E ver se dá para se esconder E sobreviver nos escombros. Escrever Reescrever Só para ter o prazer De ser outra pessoa E ter uma nova chance de recomeçar. Tentar Sentir Sem ressentimento Ser humano Apesar de tantos atentados À nossa humanidade.

Sobre os livros que li - O Cavaleiro Inexistente

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Li recentemente O Cavaleiro Inexistente, de Italo Calvino. Me pareceu que esta história queria questionar a todo instante o que era ou não real. Evidentemente havia humor em como foi estruturada. Um cavaleiro que não possuía um corpo sob a armadura, e que talvez fosse melhor cavaleiro que todos os demais. Um louco sem nome, posto que na multidão de nomes que possuía era como se não tivesse nome algum, que existia mas não se dava conta disso. Uma mulher que desprezava os homens que eram de carne e osso correndo atrás do homem que não existia. Mais do que nunca antes nós precisamos de uma identidade que parece nos escapar, principalmente quando precisamos responder a pergunta sobre quem nós somos. Me parece que Calvino sabia que a modernidade acentuaria ainda mais esse sentimento de estar perdido quando a questão é dizer quem realmente somos.