Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2012

Auto-Oficina Literária - A Crença Na Literatura

No dia em que qualquer escritor concluir que domina sua arte ele não mais será um artista, será um operário, ou no máximo, um artesão. Ele perderá a magia de não saber o que há por trás da cortina da página em branco. Concluirá, também, que não precisa mais esforçar-se para alcançar o cume, pois já está nele. Desconfio que por mais experiente que um escritor seja, nunca conseguirá dominar todas as manhas da literatura. Ela é uma mulher, e como tal, é mais imprevisível do que possa parecer, e mesmo para os que a dominam, é só uma questão de um deslize mínimo para que ela venha a escapar por entre os dedos. Sendo assim, a crença na literatura é o que basta, e é o que importa realmente, dominá-la não é a coisa mais importante, e sim, compactuar com ela.

Camelô

(J. C. Peu) O camelô vem gritando Tudo o que ele tem Sendo jogado de um lado pro outro Pelo balanço do trem “-Vem cá!” Chamou-lhe da multidão alguém, Respeitando o ditado: “Vem cá é baleiro de trem.” O camelô foi farejando dinheiro Achando-o um pouquinho aqui, Outro pouquinho ali, Sempre atento de onde O perigo vem. Tinha mulher e três filhos, Tinha muito que correr o trem Ia esbarrando num passageiro e noutro Quanto mais lotado ficava o trem. De repente, camelô saiu em revoada Medo de apanhar e da mercadoria perder O som do apito é inconfundível O colete vermelho prenuncia o pior “-Já era neguinho, É o rapa!”

SAMAMBAIA VERDE SAMAMBAIA

(Dhiogo Caetano)           Em suas longas folhas, uma longa história pra contar.           Uma planta, uma herança da minha avó.           Há mais de cinquenta anos, a sua beleza verde encanta a nossa casa.           Trazendo esperança no desenrolar de suas folhas.           De forma plena ela encanta...           Nela a lembrança de um passado ainda presente.           Ontem a minha amada avó cultivava a linda samambaia.           Hoje sou o guardião da verde samambaia.           Simplesmente uma planta, mas um elemento da família...           Em suas folhas rabo de peixe se eterniza a vida...           A memória tornasse sempre presente.           O passado é constantemente revivido no desenrolar de suas longas folhas.           Mas no contexto não podemos esquecer que estamos falando de uma simples samambaia.           Uma planta que traz o verde como elemento principal da sua consagração.           Nossa samambaia!           Lembrança, passado, vida, presente, memória e uma linda

Futuro

(J. C. Peu) “Não serei o poeta de um mundo caduco” Nem falarei do passado Não pensarei de forma cartesiana Terei fé no não visto, Ouvirei o que nunca foi dito E só acreditarei, depositando plena confiança Com minha capacidade de raciocínio, Em tudo o que não existe, Ainda... Seguirei relativizando Pregando as boas novas De um mundo melhor Ensinando quem quiser aprender Os dez mandamentos de uma ecologia humana De Einstein a Capra, de Freire a Morin O tempo é minha matéria Mas não o tempo presente, newtoniano Meu tempo é o tempo futuro, Livre, leve e solto Que corre para frente e para trás Em ondas e em partículas Ao mesmo tempo... Serei um poeta de um mundo novo, Verdadeiramente admirável. De um governo que será capaz de arruinar Os que arruínam a Terra De reis incapazes de sugar a alma do planeta Por dinheiro ou vintém O poeta de um mundo que é para todos Ou para ninguém Cantarei canções de Pessoa E refrões das folhas da relva Ao esperar uma nova con

Manual Didático da Vida

(J. C. Peu) Aprenda a perder Pois perdemos tudo  Na vida. Perdemos o ônibus, O trem,  Mas não deixe a vida passar... Até ela mesma, Um dia,  Acabou! Vais perder a inocência, A beleza e Juventude. Podes perder, Hoje ou amanhã,  Dinheiro ou saúde. Mas não perca A cabeça Tão já! Não perca amigos, Se não perdê-los  For possível. Não perca a fé, E, em tudo o que perderes, Não perca o amor. E não chores, Já que sabias Que assim seria.

Auto-Oficina Literária - A Crença Num Mestre

O ser humano tem algo dentro de si que pode ser chamado de necessidade espiritual. Os homens precisam acreditar em algo, e vem dai seu interesse por religião e, ao mesmo tempo, a grande oferta de religiões. Parece que estamos num grande restaurante self service da fé. Podemos escolher não apenas a religião, ou a comida, como podemos, também, escolher o tempero, ou o sacerdote, pastor, padre, etc, que seja mais carismático. Pelo menos é assim que parece ser. Referente á Literatura, podemos dizer que da mesma maneira como ocorre na escolha da religião, escolhemos que literatura nós gostamos mais, se estadunidense, se brasileira, russa, francesa, etc, e escolhemos vários temperos: quanto ao gênero, quanto ao período, e até mesmo quanto ao autor que mais apreciamos.  Se o leitor comum pode, e deve escolher o tempero que mais prefere, podemos concluir que os escritores, principalmente os iniciantes, precisam escolher muito mais do que meros temperos, precisam escolher sacerdotes das letras,

DESCRIÇÃO DA MAÇÃ

(Dhiogo Caetano) Pseudônimo:  Muso Lírico  Vermelha, doce, saborosa... Uma tentação sobre a mesa. Seu aroma é  inesquecível. Que fome... Um simples fruto, uma longa história. Vermelha por fora e branca por dentro. Na sua essência a origem da humanidade. Mas no momento uma maçã, ou um resto de maçã.

CONFIGURAÇÃO DA EMOÇÃO

(Dhiogo Caetano)            Ontem éramos quatros, hoje só  restaram dois.           Tudo se apagou e parece que nunca existiu!           Meus amores foram embora, mas os sentimentos permaneceram com mais intensidade, pois a saudade tornou-se aliada desta dor.           Não os vejo mais, somente tenho uma vaga lembrança gravada na memória.           O concreto se tornou abstrato...           As lágrimas incontrolavelmente rolam sobre o meu rosto.           Quanta falta sinto dos meus amores...           Até quando irei viver assim!