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Mostrando postagens de outubro, 2011

Dicionário Sentimental de Coisas (In) Úteis

(J. C. Peu) Abaixo-assinado: Já assinei vários, mas nunca um tão controverso quanto o que era referente a atestar os bons antecedentes de um rapaz conhecido que havia atirado contra a sua companheira. Ele não era uma pessoa tão íntima, já havíamos conversado algumas vezes por conta de outros conhecidos em comum, mas nada que fizesse com que eu soubesse mais sobre ele do que o seu primeiro nome. Bom que esta minha assinatura não resultou em nada mesmo...

A IMPROPRIEDADE

(Dhiogo Caetano) De goiano não civilizado, baiano laico, mineiro parado. Deus nós livra. De paulista anti-social, sertanejo atraso, índio preguiçoso. Deus nós livra do mal.

Dicionário Sentimental de Coisas (In) Úteis

(J. C. Peu) Abacaxi: Quando doce, não tem fruta melhor no mundo, mas, quando azeda, faz com que fechemos os olhos com força, como se isso fosse diminuir o gosto forte. No terreno de um vizinho, uns vinte anos atrás, tinha muitos pés de abacaxi. Quando eles estão bem pequenos parecem flores. Infelizmente, impedi que muitos abacaxis madurassem, brincando de dar flores para namoradinhas, mãe, tias, ou por maldade mesmo. Crianças são assim...

Dicionário Sentimental de Coisas (In) Úteis

(J. C. Peu) Abacate: Abacate é uma fruta que me lembra os mais pobres momentos de minha pobre existência, financeiramente falando. É uma fruta que comíamos, eu e minha irmã, como substituta de algumas refeições, amassada com açúcar. Na época, minha mãe trabalhava para sustentar dois filhos e uma irmã que teve poliomielite. Mas era gostoso!

O Dia Que Carla Camuratti Achou Um Sorriso - Parte Final.

(J. C. Peu) No interior do colégio a mandíbula dentro do saco plástico parecia sorrir e, se sorrir fosse mostrar os dentes, era exatamente isso que faziam aqueles 30 dentes ensangüentados. Sorriam debochando de uma sociedade que já ultrapassou a barreira entre selvageria e civilidade há muito tempo, mas que não tinha coragem o bastante de admitir este fato. Carla foi levada para casa pela própria diretora e, do interior do carro, olhava os homens armados que impediam o direito dos homens desarmados ir e vir, vir e viver. Num esforço descomunal, verteu lágrimas como sacrifício em favor dos pecados do mundo. Ela como que torcia sua retina em busca de mais algumas gotas de lágrima. Já havia chorado muito naquele dia, parecia não ter mais gota alguma de lágrima em seus olhos. Sentia-se cansada. Não lutaria mais contra o mundo á sua volta. Sentia-se pronta para conformar-se com o mundo à sua volta passivamente. Chegou á conclusão que sua luta muda contra o sistema, inevitavelmente, resul

Clímax Avassalador... Amor Maldito...

(Diogho Caetano) Na minha alma, Os lírios e rosas Entre paz o algritos & prantos! Com seu doce veneno Alimenta-me... Sufoca-me... santa musa! Com a teu luz sutil! Com teu amor transcendental... Quero apaixonar por ti! Quero morrer... De prazer... Oh desejo macabro... Sagrado e profano. Estranho desejo... Oh amor maldito que me sufoca. Sentimentos profundamente isolados. Complexa luz que devora a minha alma. Um dia apaixonado, no outro poeta e hoje nada mais!

O Dia Que Carla Camuratti Achou Um Sorriso - Parte 5.

(J. C. Peu) Ao dar um passo após outro adentrando na escuridão, Carla percebia que a luz, ou o alcance dela, era ritmado pelos seus passos. Á medida que dava um passo à frente, a escuridão retrocedia, também, um passo. Conseqüentemente deu um passo após outro, dançando pelo corredor, forçando a luz a bailar com ela no ritmo que escolhesse. Um passo em salsa, outro em valsa, um terceiro em bolero ou ragtime. Ao chegar ao banheiro não mais sentia tanto medo quanto antes. Abrindo a porta, sentiu um cheiro ocre, que por um segundo associou ao odor do vinagre, mas, no segundo seguinte, desconfiou que não era exatamente vinagre o cheiro que sentia. Não havia muita luz no banheiro e Carla abriu a porta com a mão esquerda e, sem demora, com a mão direita tentou encontrar o interruptor que faria o favor, se alcançado, de iluminar todo o espaço ali. Não encontrou. “Coisa estranha. Havia um interruptor aqui ainda ontem, ou antes de ontem, já não lembro exatamente de mais nada.” – Pensou ela. A

O Dia Que Carla Camuratti Achou Um Sorriso - Parte 4.

(J. C. Peu)    Havia pouco tempo que Carla estava estagiando no colégio Anatole France. Os longos corredores do antigo prédio, recentemente reformado, mesmo que bem iluminados causavam-na sempre certa cisma. O medo ia embora   na presença de outras pessoas que todos os dias eram quase uma multidão. Alunos, professores, merendeiras, faxineiros, inspetores, etc... Neste dia específico, não havia alunos nos corredores. As aulas foram suspensas e muitos funcionários aproveitaram para não trabalhar e voltaram para suas casas. Os corredores estavam vazios, Carla caminhava temerosa contando seus passos como quem se apega à esperança de encontrar um tesouro, rumo ao gabinete da diretora. Queria perguntar se poderia ir embora, e se aquelas horas que deveria fazer naquele dia seriam descontadas. Caminhava vacilante quando da porta de uma das salas de aula saiu um homem vestido com um guarda-pó branco, onde se lia alguma coisa no bolso do lado esquerdo do peito, mas que ela não conseguiu ler o