Epopéia

(J.C.Peu)
Mi, quando eu me for,
Fui.
Dou uma passada
Na sua casa, casada.
Um beijo, um abraço, um tchau,
Fui.
Passo na casa do Zequinha,
"-Zeca, queria fazer uma pergunta:
A gente termina o alicerce
Domingo?"
A paciência do fim de semana acaba,
Eu findo.
O Rogério foi pra enfermaria
A consciência ta me cobrando
Uma visita, e
Eu fazendo artesanato...
...Queria mesmo é terminar meu quadro,
Mas o Lessa disse apenas:
"-Zé, era azul da Prússia
Ao redor dos caquis."
E agora, José?
A light cortou a luz
Do fim do túnel.
O que falta é PAIXÃO,
Escrita assim mesmo,
Com maiúsculas.
Que dor!!!!!!
Como dói ver a Carla
Chorando por causa
Do Dente
E não fazer nada,
Pois, todo o mundo sabe
Que dor que dói mesmo
É a dor de consciência!
Querendo agradar a todos
Não agrado ninguém.
Ouço a voz do Vinicius,
Ledo engano,
O Vinicius não anda de trem.
Coitada da minha mamãe,
Nunca vai entender que
Chega uma hora
Que todo poeta fracassa
Se o amor não vem!
O ônibus ta chegando na Penha.
Olho pela janela
Enquanto as pessoas em pé nos pontos
passam.
Elas diriam, se me vissem, que
Quem passa sou eu.
Eu diria muitas coisas 'inda,
Se o que tenho a dizer
À professora
Não fosse atravancar o meu futuro,
Construindo no meio da minha sala
um muro, mas,
"Quem não tem nada a perder,
Não perde nada" - Diz o ditado.
Então pensarei duas vezes.
Uma vez, e mais outra 'inda,
Mas o que eu teria a perder,
Nem ganhei ainda.
Tô cansado de esperar a bonança,
Eu findo, minha paciência
Finda.
O camelô passa
Vendendo balas & bugigangas.
Eu compraria um ator,
Se ele me vendesse um papel,
Pois o meu está acabando.
Eu não me masturbo
Nem em pensamento!
Seria inércia dizer:
"O ônibus pára, mas,
Eu sigo ao relento."
O Luan falou que "o cavalo é doce"
E que foi no parque sábado.
Todo sábado a mesma coisa.
Todo dia é sábado,                                                                                                      E ele vive no parque.

Assim, meus olhos choram
Corações arrependidos.
Não tenho dinheiro direito
Pra comprar o que preciso.
Eu preciso apenas de
Coragem.
Mais cedo ou mais tarde
Vou ter de enfrentar a fera,
Não quero ver
Gaiolas na minha
Janela.
Mi, vou ter de sair,
Sumir por um tempo,
Pegar carona
Na mudança do vento.
To levando na bolsa
Seu beijo e alento.
E, no meu regresso,
Trarei muitos portentos.
Cheguei em casa cansado.
Tomar um banho é imperativo,
Descansar é cuidado.
Amanhã acordo cedo e
A luta recomeça outra vez.
Tem seu lugar
Confiado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Teoria do Iceberg, de Ernest Hemingway

Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola, Maya Angelou

Todos os Gêneros da Ficção Científica - Space Opera