Pantokrátor, de Ricardo Labuto Gondim

“Não creio em distopia. O que existe em oposição à utopia é o que chamamos de realidade, não uma categoria literária.”
Ricardo Labuto Gondim

Hoje nós vamos falar sobre um livro cyberpunk de um escritor brasileiro que não fica devendo nada a Philip K. Dick ou William Gibson.

Pantokrátor, de Ricardo Labuto Gondim.


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Ricardo Labuto Gondim é professor, crítico literario, teólogo, filósofo e escritor de ficção científica.


Gondim, já escreveu contos de ficção científica, terror, escreveu um romance policial, e em 2018, lançou o romance de ficção científica "Corrosão" que ganhou diversos prêmios literários. O livro aborda a conexão entre passado e futuro, com referências até ao Titanic.


Em 2020 publicou seu quinto livro impresso, um romance de ficção científica sobre o controle do indivíduo e da sociedade pelos algoritmos, chamado Pantokrátor. 

Pantokrátor é uma narrativa cyberpunk com DNA verde e amarelo. 

O cenário principal é a Cidade do Rio de Janeiro, que aparece bastante modificada pelo apocalipse digital causado pelo surgimento da consciência algorítmica.

Não é uma repetição nem de assuntos nem de cenários de outras obras cyberpunks.

Você pode ter certeza, a originalidade está presente o tempo todo em Pantokrátor.

O protagonista da história é Felipe Parente Pinto, que é uma homenagem ao escritor Philip Kindred Dick.

Felipe Pinto é um golem. 

Ou seja, um androide no estilo dos androides do filme Blade Runner.

Eu achei a ideia de chamar os androides de golens, espetacular.

Golem é um ser artificial místico, associado à tradição mística do judaísmo, que pode ser trazido à vida através de um processo divino.

O golem da mitologia judaica é uma possível inspiração para outros seres criados artificialmente, tal como o monstro criado pelo método científico no romance moderno Frankenstein, Ou O Prometeu Moderno, de Mary Shelley.

Ou seja, chamar os androides de golens foi um sopro refrescante e muito bem vindo de originalidade.

O Felipe Pinto é um detetive contratado por uma mulher para seguir seu marido, que é um figurão da sociedade, e encontrar provas de que ele está traindo ela.

Em certa noite ele segue o homem até um bar frequentado pela elite, um tecnoinferninho, e aí começam os problemas na vida do Felipe, pois o bar explode, tudo dá muito errado, e ele descobre uma palavra que vai mudar sua vida pra sempre: tecnopoder...

O antagonista da história também é um grande mérito de Ricardo Labuto Gondim.

É extremamente poderoso e astuto. E sempre que você pensa que entendeu seu plano, ele meio que escapa por entre nossos dedos como se fosse um punhado de areia ou água.

O pano de fundo da história apresenta policiais corruptos, uma milícia extremamente poderosa, uma gangue de tecnodrags, um outro golem chamado Simão, O Mago, que tem uma importância grande na história, e muitos outros...

Outra coisa importante a se falar sobre o livro é que o Ricardo Gondim tem uma bagagem cultural gigantesca.

Só pra dar um exemplo, as pessoas vão no tecnoinferninho pra ouvir a música de Richard Wagner...

Ele coloca também referências às óperas O anel do nibelungo, e também Parsifal...

Pantokrátor torna Ricardo Labuto Gondim um dos autores mais importantes da atual ficção científica brasileira.

Sem mais por hoje, se não gostou, manda pro espaço e vem que eu te conto...

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